Lá pelos idos de 1986, eu saí de férias pelo Brasil pra conhecer o que quer que rolasse de skate pelo Nordeste e por Brasília. A primeira escala foi na Capital Federal, de onde depois parti pra Fortaleza, Natal, Recife, João Pessoa e Salvador. A idéia foi fazer uma matéria pra revista Yeah!, pois aqui no "Sul Maravilha" não se sabia nada sobre o que rolava de verdade pelo Brasil afora.
Brasília foi tudo de bom. Fiquei na casa do Robert "Rebellix", um local que respirava skate: editava o SubZine, agitava eventos, ia de skate pra todos os lados... e tinha até 2 papagaios com os nomes de "Osmar e Oscar", referência aos Irmãos Lattuca que fizeram história no vert da época.
Ele morava a uns 10 minutos do bowl do Núcleo Bandeirantes, que era bem mais cavernoso do que o de Guará e tinha vert de verdade. Como se não bastasse, era cria do Setor Bancário, um verdadeiro oásis pro street da época, com transições e paredes inclinadas a torto e a direito, chão liso, poucos seguranças, muretas de todas as alturas, mármore & granito em profusão - tipo paraíso na terra, enfim.
Aí, a falta do que fazer um dia nos levou a mim e ao Rebellix ao Congresso Nacional...
... e bastou a distração dos seguranças pra nós termos uns 5 minutos preciosos, que resultaram nessas imagens. A qualidade das fotos ficou horrível, tanto que não deu pra aproveitar nada das imagens tiradas com a Olimpus Pen da minha irmã - mas o registro, a sensação e as memórias ficaram pra sempre.
A propósito: quase fomos presos. Se eu não fizesse de conta que era um "gringo", ficando mudo, calado e quieto, acho que poderíamos estar atrás das grades até hoje. Era o Rebellix mandando um dos maiores caôs que eu já ouvi em toda a minha vida, desenrolando a situação - e eu me segurando pra não rir dos caras... E o pior (ou o melhor): eles acreditaram!!!
A propósito 2: a concha côncava não é apropriada pra andar de skate. Pensamos nisso em primeiro lugar, óbvio, mas descobrimos que tem uma estrutura interna em metal pra segurar a tal "bacia", pra nossa decepção. E a superfície da parede era tão suave quanto um ralador de feira...
Eu sei, eu sei: podem me sacanear à vontade pela bermuda estampada curta e berrante "new wave", os óculos Vuarnet "classe A", as luvas "nas hands" e o All Star camuflado "style" - sem falar nos então fartos cabelos que os anos não trazem mais, e que faziam até um topete...
... mas nós estávamos lá, e andamos num dos mais conhecidos monumentos nacionais. E ficamos soltos pra darmos muitas risadas e contarmos a história, que você agora tem acesso em primeira mão e com exclusividade.
Só me resta resumir o visual e a ousadia usando apenas duas palavras: ANOS 80. Quem não viveu, sinto muito - perdeu!
Fotos: Robert Rebellix (RIP - saudades eternas, bro...)
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