Friday, January 6, 2012

O gás do amor


O bom e velho pum. Ele estabelece o "antes" e o "depois" da verdadeira intimidade.

Ninguém chega soltando pum na frente da garota que acabou de conhecer. Nem pensar! O cara se segura a noite inteira. Não sai nem pela orelha. Mas depois de deixá-la em casa... Solta verdadeiros mísseis dentro do carro. Um atrás do outro.

Após algum tempo de namoro, porém, soltar pum é uma coisa normal. Inclusive barulhento. E mesmo um fedido (sem exageros, sem exageros...). Alguns namorados chegam a preparar emboscadas, fazendo com que a mocinha ouça e sinta o traque por completo.

Mas como se chega a esse ponto aparentemente lamentável?

Não se sabe. Foi aquele primeiro que escapou? Foi depois de não agüentar mais segurar? Foi naquela viagem em que o banheiro era muito próximo do quarto? Cada caso é um caso. Mas, com o tempo, inevitavelmente, o pum passa a fazer parte da rotina.

E é exatamente nesse momento que o casal goza da mais pura intimidade. Antes disso, é tudo encenação. Antes do pum, a relação ainda é um teatrinho. Depois do pum liberado, todos passam a se ver como meros humanos, e as coisas ganham um sentido mais elevado.

Mas não pensem que o segredo é chegar mandando brasa. Nada disso. Não adianta precipitar. A "aceitação gasosa" é algo que ocorre naturalmente e serve apenas pra medir o grau de intimidade, não é a única causa determinante.

Isso porque o pum não vem sozinho. Ele é apenas a última barreira. Quando deixa de ser um tabu, é porque todo o resto já foi conquistado. Faltava somente isso. É a última base.

Quando se chega ao ponto em que soltar bons puns, além de ser algo simplesmente 'permitido', é também motivo de orgulho, é porque a intimidade chegou à sua plenitude. Já se pode falar abertamente em caganeira, já se fala em chulé, bafo etc, toda a escatologia básica já faz parte do convívio.

Finalmente, ambos se vêem como humanos.

Por isso, leitoras, quando seu namorado soltar aquela bomba, não o recrimine. Segure as pontas, abra as janelas, coloque a gola da camiseta sobre o nariz, mas entenda que aquele pum significa muito mais do que gases intestinais. É a prova de que a intimidade é plena.

Claro que tudo nessa vida tem limite. Não é preciso soltar aquela mistura gasosa de ovo podre com defunto ralado, com o agravante do barulhinho pra lá de constrangedor...

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Importante: embora o pum (dentro dos limites humanamente aceitáveis de fedor) seja totalmente normal dentro de um relacionamento, não há grau de intimidade que tolere uma de suas mais tétricas variações: o "peido caldinho" (aquele que não é feito somente de gás). Caso solte um desses, corra para o banheiro e JAMAIS confesse a façanha!

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SOM DO POST: você sabe qual o som do gás do amor...

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