Saturday, October 22, 2011

Sem chance



“O ser humano alcançou seu tão sonhado objetivo
De ser o dono do planeta, e seu maior inimigo.”
Coquetel Molotov – “Uma certa manhã em 1999”



A tarde transcorria normal, até mesmo um pouco calma demais pros padrões de trabalho intenso de bordo. Sempre é bom aproveitar ao máximo esses momentos de relativa tranquilidade, pois realmente nunca se sabe com certeza absoluta o que pode acontecer em seguida; por mais que haja diversos equipamentos pra monitoramento da natureza, é ela quem manda no planeta. Se há um ditado popular que tem precisão cirúrgica, é aquele que diz que “depois da tempestade, vem a calmaria”.

Na verdade, o certo seria completar: “e vice-versa”.

As tarefas diárias estavam quase todas completadas, e a expectativa girava em torno do horário escolhido pelo Capitão para realizar o treinamento semanal de combate a incêndio e abandono, uma exigência da empresa contratante que é sempre cumprida aos sábados. Nesse procedimento, todo o pessoal designado pra trabalho na área externa deixa os seus postos de trabalho (ou suas cabines, caso estejam no horário de repouso) e se dirige pros seus respectivos pontos de encontro, que ficam ao lado das baleeiras de desembarque de emergência. Os que trabalham na ponte de comando permanecem por lá, pois toda ajuda é necessária pra coordenar as informações enviadas de 6 baleeiras diferentes – geralmente, ao mesmo tempo.

De repente, um chamado do 2º oficial de náutica:

- O Capitão está te chamando na área externa com máxima urgência.

Hm, boa coisa não deve ser. E não era mesmo: de binóculos nas mãos, o Capitão e um outro oficial olhavam para um ponto branco se deslocando no mar, bem próximo ao navio. Pergunto o que tinha acontecido, e o Capitão responde:

- Tem uma tartaruga-bebê presa naqulele saco plástico, por favor veja se tem algum barco pesqueiro nas proximidades e o chame pelo rádio.

Quando ele me passou o binóculo, vi a cena em detalhes. A sacola parecia ser dessas de supermercados; de alguma maneira, as duas alças se enroscaram na tartaruga de forma longitudinal, enganchada na parte de baixo de seu casco e passando por baixo de seu pescoço. Não sou biólogo nem nada, mas deu pra perceber que o animal estava se deslocando com dificuldade por caus do lixo atado a si.

E lá fui eu tentar a sorte. Geralmente os barcos pesqueiros não são muito benvindos nas áreas próximas a navios e plataformas de perfuração, pelo simples fato de que suas linhas e redes podem se enrolar nos propulsores da unidade. Se isso acontece, é prejuízo na certa: só no ano passado, três unidades tiveram de ser rebocadas pra estaleiros por conta de linhas e redes que pararam suas máquinas. Quando se sabe dos valores milionários envolvendo os contratos entre as empresas de petróleo e unidades como essa, sabe-se que os dias parados representam um prejuízo de alguns milhões. Seja na moeda que for, é muito dinheiro – pra mim, pra você e pras empresas também.

Por conta disso, quando um barco pesqueiro é chamado pelo rádio por um navio como esses, ele já sabe que tem alguma coisa de errado e parte pra uma manobra evasiva. Eles sabem que estão errados e, principalmente, que o Capitão terá de relatar a presença deles no seu relatório diário de operações. Só que dessa vez era diferente, como deixei claro no primeiro contato pelo rádio:

- Precisamos de sua assistência na área de proa a bombordo, pois tem uma tartaruga presa num saco plástico. Favor resgatar o animal.

Repito uma, duas, três vezes – e nada. Sei que eles estão me ouvindo de forma alta e clara, pois dá pra ver a antena do rádio VHF na parte de cima do barco. No entanto, não consigo nenhum resultado prático; vejo que um dos homens está no leme e outros dois estão recolhendo uma rede; como o mar está meio agitado pra uma embarcação pequena como aquela, sei que dificilmente eles deixarão o que estão fazendo pra socorrer o pobre animal.

Mas não sou de desistir com facilidade e insisto no rádio, sem obter resposta. Do lado de dentro, estamos apenas eu e um dos oficiais de náutica; do lado de fora, outros 2 oficiais e o superintendente de operações se juntam ao capitão pra observarem a trajetória da tartaruga, que deriva pra cada vez mais longe tanto do navio quanto do barco pesqueiro. Eles tentam sinalizar pro barco, que agora não só finge não estar ouvindo como também fazem de conta que não está enxergando os sinais.

Eles se aproximam tanto que tenho uma ideia: pegar o megafone pra gritar-lhes instruções. A campainha do aparelho é alta e estridente, mas não temos certeza de que será ouvida lá embaixo no mar mexido. Não custa tentar, e a reação dos homens na proa do barco me dá a certeza de que eles ouviram o chamado, já que os três levantaram as cabeças pra olharem pra nós.

Volto ao rádio, insisto com as chamadas – e nada.

Um dos oficiais volta da área externa com a cabeça baixa:

- Perdi a tartaruga de vista, agora já não adianta mais nada chamarmos o barco.

As expressões de frustração são evidentes. Um silêncio espontâneo e simultâneo toma conta dos cinco homens no ambiente, como se todos nós pensássemos a mesma coisa: tanta tecnologia e tantos recursos não foram suficientes pra salvarmos um habitante nativo dos mares. E o pior, um ser de nossa espécie foi incapaz de jogar o lixo no lugar certo e, agora, é o responsável pelo destino nada animador de um ser dos mares.

Bem, cada um tem de voltar às suas respectivas tarefas e a vida vai continuar pra todos nós, mas será que podemos dizer o mesmo da tartaruga? Tudo indica que não. Torço pra que acabe bem pra ela, embora saiba que isso é uma possibilidade tão improvável quanto uma pessoa achar uma agulha num palheiro.

Pobre animal; naquele que pode ter sido o seu primeiro e último contato com os seres humanos, selou o seu destino final – sem chance.



Thursday, October 13, 2011

Seus problemas acabaram (1)





A mente humana é capaz de inventar coisas prodigiosas, seja motivada por uma necessiadade absoluta ou simplesmente pela falta do que fazer. Observe bem as imagens abaixo e decida-se por uma das seguintes alternativas: "como é que não pensaram nisso antes?" ou então "como é que perdem tempo bolando um negócio desses?!". Você decide...




QUEBRADOR DE OVOS - Sujar as mãos e quebrar os ovos de qualquer jeito é coisa do passado. Com esse invento, você se livra de DOIS problemas de uma só vez! Obrigatório em qualquer cozinha moderna que se preze!






CHINELO COM FAROL - Ir ao banheiro na madrugada, assaltar a geladeira e entrar sem ser notado no quarto dos outros jamais será um problema outra vez!







VENTILADOR DE MACARRÃO - Soprar o macarrão no garfo ou nos hashis é uma coisa meio tosca e nojenta, não é mesmo? Agora não será mais: os orientais (sempre eles!) nos trouxeram essa sensacional alternativa aos amantes das massas quentes de todo o mundo!







ROUPA-TATUAGEM - Você nunca mais irá se tatuar e se arrepender para sempre: com essa roupa, você pode se ver livre dessa situação incômoda em apenas poucos dias - o tempo necessário pra perder o bronzeado e esquecer aquela tattoo pra sempre!








DESPERTADOR QUEBRA-CABEÇAS - Nós DUVIDAMOS que qualquer um permaneça acordado com esse espetacular invento! A campainha só para de tocar após montar o quebra-cabeças no topo do despertador. (Produto à prova de choques e impactos)








BANCO PORTÁTIL - Seu conforto nos ambientes públicos está garantido para sempre! Ideal para levar para a rua e aos parques, também pode ser utilizado em casamentos, nas filas e qualquer outro lugar onde possa haver o risco de ficar horas em pé. Indispensável!



Saturday, August 27, 2011

"Internetite"












Nos tempos atuais, uma nova síndrome se desenvolveu a partir do uso abusivo de computadores e causada por horas excessivas conectato à rede. Chama-se "internetite", ou "mal da internet", que pode afetar os seres humanos de diversas maneiras. As imagens abaixo servem pra ilustrar alguns de seus sintomas.




1) Incapacidade de manter-se afastado do computador.




1.1) Primeiros sintomas: a pessoa afetada não consegue manter-se afastada do computador e/ou da internet por muito tempo.










1.2) A falta de tratamento adequado leva a pessoa afetada a simplesmente não conseguir ficar longe de seu computador em momento nenhum.









1.3) Em casos mais graves, o mundo da pessoa afetada passa a ser somente o computador, e nada além.







2) Prejuízo nas relações sociais.



2.1) A pessoa afetada isola-se do mundo, recusando-se a manter contato com outras pessoas. Seu universo gravita em torno de bits e bites, e sua máquina é "humanizada" a ponto do usuário ter delírios de manter um diálogo com ela.



2.1.1) Recomenda-se a procura de auxílio psiquiátrico urgente.







3) Alterações no sono.



3.1) Primeiros sintomas: a pessoa afetada não percebe a passagem do tempo.



3.2) Caso não haja nenhum tratamento adequado, não conseguirá mais distinguir seus próprios sintomas de fadiga e exaustão.







3.3) Há relatos científicos de casos onde a pessoa afetada não consegue se distanciar de seu computador nem mesmo quando dorme.







4) Descuido com a higiene.



4.1) A "internetite" prova tamanha ansiedade na pessoa afetada que até mesmo os cuidados mínimos com a higiene precisam ter alguma ligação com as atividades virtuais.







4.2) Um sintoma mais grave é a total desconsideração por regras mínimas de higiene e arrumação.







5) Contágio.



5.1) A "internetite" é uma síndrome altamente contagiosa, especialmente para as crianças.







5.2) Estudos recentes provaram que o vetor da síndrome também são capazes de contagiar até mesmo animais domésticos.







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Como já foi explicado acima, a "internetite" é uma síndrome que provoca uma grave deficiência das noções de tempo e espaço, afetando as relações humanas e a saúde da pessoa afetada de modo geral. No caso de você se identificar com algum dos sintomas relatados anteriormente, é fundamental que se procure ajuda profissional urgente sob o risco das condições degradarem-se tanto a ponto de provocar riscos de vida...



... e não se deixe enganar: nem a morte livra a pessoa da "internetite".









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Agradecimentos: Claudia Reitberger



Monday, June 27, 2011

Gambiarras criativas

Se você acha que arame só serve pra quebrar o galho fazendo gambiarras, é melhor você mudar os seus conceitos...




O britânico Terry Border especializou-se em criar as cenas mais diversas e criativas a partir do uso de arame e alguns objetos, naquilo que ele definiu como "wire art".





É preciso mesmo ter muita imaginação pra bolar e fazer cenas tão divertidas!








Dá só uma olhada no site que ele é capaz de produzir, é garantia de riso e encantamento!


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Agradecimentos: Beto Cão.


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Som do post: Wire - "12XU"


Thursday, May 26, 2011

Bom dia, mundo!


"Quem inventou a britadeira é igual ao Beethoven: só pode ser surdo o fdp..."

O sono havia sido interrompido pelas obras na rua; apesar de se aproximar do meio-dia, ainda era cedo pra ele. Trabalhar no turno da madrugada até as 6 horas, deslocar-se, relaxar e finalmente dormir - sempre por volta das 8 da manhã. Uma rotina dura mas necessária pra pagar as contas, juntar um qualquer no início do mês e ter sonhos como qualquer cidadão que se preze.

Nem por isso o bom humor havia deixado sua alma. Bom sinal. Bom dia, mundo!

E olha que ele é do tipo prático, objetivo, pragmático. Não era dado a muitas variações emocionais, sabia que era um perigo essa história de mudar de humor a toda hora. Já tinha defeitos suficientes e definitivamente não precisava incluir a bipolaridade entre eles...

O porteiro lhe contou do incidente que causou a obra na rua: parecia que uma tubulação d'água havia se rompido, quase em frente ao prédio vizinho. "Seria uma festa se fosse lá no agreste", ainda acrescentou, tentando fazer graça da desgraça coletiva. E o prédio havia dado sorte, pois o fornecimento da água da rua fora cortado pra evitar mais desperdício, algo que não seria notado pelos moradores visto que a cisterna estava cheia, "quase transbordando".

Cena comum de obras de emergência na cidade: enquanto meia dúzia vestidos com uniformes trabalham feito loucos, outros tantos ficam apenas olhando ao redor. Equipe de reserva? Pelas roupas civis (camisas de botão enfiadas pra dentro das calças, cintos combinando com sapatos de couro), deviam ser aqueles misteriosos consultores e aspones de sempre.

Nenhuma novidade significativa na banca de jornais, só mesmo os diários que ele costumava comprar. Bem que podia fazer uma assinatura, mas já havia se acostumado a perder uns minutos de prosa com o jornaleiro. Conhecido de longa data, antes mesmo de se casar, procriar, mudar-se, separar, retornar.

No banco, pagamento de contas - essas, inevitáveis como a morte.

Almoçou um pouco mais do que costumava, já que seu fuso horário pessoal havia mudado mesmo, na intenção de tirar uma soneca antes de trabalhar. Os plantões estavam sendo modorrentos, nada acontecia mas ele precisava estar de prontidão... mas cadê que o barulho deixava?! Melhor tomar logo um bom banho frio e fazer alguma coisa pra manter a atenção alerta até a hora de ir pro trabalho.

Nada que uma hora de leitura do último livro do Harlan Coben não resolva.

Wednesday, May 25, 2011

Internet X jornal

Reproduzo abaixo um texto sensacional do Jairo R. Oliveira, a respeito do eterno debate sobre a substituição do jornal pela internet.


A INTERNET NUNCA SUBSTITUIRÁ O JORNAL, por Jairo R. Oliveira

"O jornal impresso, como sempre o conhecemos, realmente não poderá ser substituído pela internet. A seguir alguns dos importantes usos do jornal:

Uso doméstico:
Amadurecer banana, abacate...
Recolher lixo.
Limpar vidros.
Dobradinho, serve para alinhar os pés da mesa.
Embrulhar louças na mudança.
Recolher a sujeira do cachorro.
Forrar a gaiola do passarinho.
Cobrir os móveis e o piso antes de pintar a casa.
Evitar que entre água por baixo da porta.
Proteger o piso da garagem quando o carro está vazando óleo.Matar moscas, baratas e demais insetos.
Na época da crise econômica, usá-lo como papel higiênico, mesmo que seja um pouco duro.

Uso educativo:
Bater no focinho do cachorro quando faz xixi dentro de casa.
Fazer barquinhos de papel.
Arrancar um pedacinho em branco para anotar número de telefone.

Usos comerciais:
Alargar o sapato.
Rechear bolsas para conservar a forma.
Embrulhar peixes.
Embrulhar pregos na loja de produtos para construção.
Fazer um chapeuzinho para o pintor ou para o pedreiro.
Cortar moldes para o alfaiate ou para a costureira.
Embrulhar quadros.
Embrulhar flores.

Uso festivo:
Acender a churrasqueira.
Rechear a caixa de presente-surpresa.

Outros Usos:
Para os sequestradores usarem suas letras nas cartas.
Fazer bolinhas para jogar nos companheiros de classe.
Fazer uma capinha para o machado ou foice.
Fazer proteção na cabeça para não estragar a chapinha quando estiver garoando.
Nos filmes, para os bandidos esconderem o revolver.
Para esconder-se atrás dele quando não quiser que te vejam.
Ah!!!!!! E por último: para ler as notícias.

Poderia me dizer se você consegue fazer tudo isso com o computador?"

Saturday, April 30, 2011

V.A.S.O.

Você já ouviu falar na V.A.S.O.?!


Não tem nada a ver com o utensílio doméstico usado pra colocar flores, plantas, esconder chaves ou dinheiro, etc. Trata-se da Visão Aguçada Sensitiva Orbital, a capacidade de enxergar a mesma coisa de duas maneiras diferenetes. Não tem nada a ver com aquele papo motivacional de "o copo pode estar meio cheio ou meio vazio", e sim de formas distintas de se enxergar algo.


Recebi um arquivo bem legal que trata a respeito disso, o qual divido aqui. Sim, trata-se de mais um round na convivência "homens X mulheres" - e, posso dizer por experiência própria, é MUITO preciso!


Clique na imagem abaixo, salve-a e dê um zoom, e divirta-se!



Friday, April 22, 2011

Julian Beever











Julian Beever é um artista inglês de "chalk-art" (arte com giz), especializado em desenhar as mais incríveis perspectivas - como o auto-retrato acima.




















Seu trabalho pode ser visto em algumas cidades europeias, sempre de maneira efêmera: a arte dura até a primeira chuva - ou até o primeiro carro de limpeza passar pelo local... Nada que o impeça de fazer a sua arte do mesmo jeito, nem do público interagir com esses maravilhosos desenhos. Afinal, quem perderia uma chance única como essa?!




















Acompanhe as imagens, de preferência com a mão no queixo: você com certeza irá ficar de boca aberta!

















Saturday, January 1, 2011

Arte alimentar

Não tenho a menor ideia de quem fez essas verdadeiras obras de arte feitas em alimentos, mas uma certeza dá pra se ter: frutas, legumes, cereais e pães jamais foram tão divertidos...











Provavelmente, quem criou isso deve ter brincado um bocado com a comida enquanto era criança - e não sofreu repressão dos pais...















Definitivamente, isso é obra de ARTISTA!
















































Esse ano de 2011...

... não vai ser igual aos que passaram. Vou fazer o possível pra incluir o máximo de curiosidades que eu encontrar por aí, aquilo que eu achar interessante, divertido ou inusitado.

Não sou político, portanto promessa é dívida. Vamos que vamos!