Thursday, February 9, 2012

O amor à distância


“Como é se relacionar a sério com alguém à distância?!”
Por conta do meu trabalho, e do estilo de vida incomum que eu levo, de vez em quando eu tenho de responder a essa pergunta. Eu só posso fazê-lo sob a perspectiva de quem está sempre “do lado de lá”, já que sou eu quem viaja pra longe de casa todos os meses. Bom seria se perguntassem a quem fica em terra, e tenho certeza absoluta de que as perspectivas seriam bem diferentes embora a aflição maior seja idêntica: a saudade.

Em princípio, acho que a dificuldade é a mesma tanto pra quem vai quanto pra quem fica, mas não a dimensão a qual o casal é afetado.

Os que viajam por necessidade profissional (como eu) levam uma carga de sentimentos extra na bagagem, muitas memórias e lembranças de inúmeros momentos mágicos passados a dois. É esse backup sentimental que tanto dá ânimo nos momentos bons quanto traz alento e conforto durante os perrengues, como se fosse uma reserva de energia que o coração e a alma armazenam pra ser utilizada apropriadamente. Isso tem que ser feito com moderação, de maneira a não enveredar pelo perigoso caminho da nostalgia – que é um veneno perigosíssimo e pode atrapalhar e muito o desempenho profissional.

E quem fica?! Bem, a carga sentimental também é composta de memórias e lembranças, que podem não ser as mesmas, mas que também são significativas o suficiente pra terem ficado marcadas na mente. Ainda tem um agravante na saudade: o local onde essas saudades são geradas. São objetos e locais que evocam gostos e cheiros e diversas ouras sensações, tornando a ausência mais perceptível uma vez que a perspectiva do mundo acaba mudando com a ausência do par tão querido. A saudade chega a ser quase tangível e tão densa que quase dá pra ser pega com as mãos.

Curioso essa história de sentir saudades: quando se está junto, acaba-se matando as velhas e criando outras novas pra serem curtidas mais adiante...

Relacionar-se à distância não é nada fácil e nem um pouco simples, mas é perfeitamente possível e viável desde que haja concordância em alguns princípios. Lealdade e fidelidade são mais essenciais do que nos relacionamentos mais corriqueiros, uma vez que a confiança precisa ser plena e inegociável pra coisa toda dar certo. Você pode dizer, “mas tem que ser assim em qualquer relacionamento a sério que seja” e eu até concordo, só que preciso fazer uma ressalva: as doses de ambos num relacionamento à distância precisam ser cavalares.

É preciso que haja uma alta sintonia entre o casal pra que funcione. Já me relacionei com pessoas muito diferentes de mim nesse meu estilo de vida – e acredite, o stress definitivamente não vale a pena. É bem melhor ter ao lado uma pessoa que gosta mais ou menos das mesmas coisas, que concorde com seus objetivos de vida e que esteja junto contigo pro que der e vier, sempre.

Acima de tudo, há o amor. Nesse tipo de relacionamento, vejo o quanto é adequada a analogia que compara o sentimento amoroso ao fogo. A distância faz ao amor o mesmo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno e aumenta o grande. A cada período fora de casa, penso nas mínimas coisas que me agradam nela, no que mais sinto falta e no que vamos fazer quando eu voltar. E isso funciona como se eu colocasse uma carga extra de paixão na fornalha do amor, atiçando e fazendo-o crescer e se multiplicar.

A distância tem lá a sua força, mas nada se compara ao poder soberano e infinito do amor.

1 comment:

MalValdez said...

Sempre que eu acho que te amo completamente,descubro dia após dia que te amo ainda mais...Obrigado por vc existir e estar na minha vida de maneira tão definitiva!

Te amo!!!

TGPC